A Civilização Egípcia

Uma das civilizações mais importantes da história Antiga

Civilização Egípcia

Desenvolveu-se na região do Crescente Fértil, mais exatamente no nordeste da África, uma região caracterizada pela existência de desertos e pela vasta planície do rio Nilo. A parte fértil do Egito é praticamente um oásis muito alongado, proveniente das aluviões depositadas pelo rio. Nas montanhas centrais africanas, onde o Nilo nasce, caem abundantes chuvas nos meses de junho a setembro provocando inundações frequentes nas áreas mais baixas ( O “Baixo Nilo”). Com a baixa do Nilo o solo libera o humo, fertilizante natural que possibilita o incremento da agricultura. Para controlar as enchentes e aproveitar as áreas fertilizadas, os egípcios tiveram de realizar grandes obras de drenagem e de irrigação, com a construção de açudes e de canais , o que permitiu a obtenção de várias colheitas anuais.
Dada esta característica natural, o historiador grego Heródoto de halicarnasso dizia que “O Egito é uma dádiva do Nilo”. Leitura preconceituosa, que tende a desprezar o empenho, o denodo e a competência técnica da civilização egípcia que aprendeu a utilizar as cheias e vazantes do rio a seu favor.
O Egito, inicialmente, estava dividido num grande número de pequenas comunidades independentes: os nomos que por sua vez eram liderados pelos monarcas. Essas comunidades uniram-se e formaram dois reinos: o Alto e o Baixo Egito. Por volta de 3200 a.C., o rei do Alto Egito, Menés, unificou os dois reinos. Com ele nasceu o Estado egípcio unificado, que se fortaleceu durante seu governo com a construção de grandes obras hidráulicas, em atendimento aos interesses agrícolas da população. Menés tornou-se o primeiro faraó e criou a primeira dinastia.
Os egípcios adoravam o faraó como a um Deus, a quem pertenciam todas as terras do país e para quem todos deveriam pagar tributos e prestar serviços, característica típica do Modo de Produção Asiático. O governo do faraó era uma monarquia teocrática, ou seja, uma monarquia considerada de origem divina. Como chefe político de um Estado poderoso, o faraó tinha imenso poder sobre tudo e sobre todos. Na prática era obrigado a obedecer às leis, muitas das quais haviam sido criadas séculos antes da unificação dos nomos, o que limitava em parte os seus poderes.

ANTIGO IMPÉRIO (3200 a.C. a 2300 a. C.)
Um Estado pacifista e dedicado à construção de Obras de drenagem e irrigação, que impulsionaram o desenvolvimento da agricultura. Foram construídas as célebres pirâmides de Gizé: Quéops, Quéfren e Miquerinos. A autoridade do faraó é enfraquecida pela ação dos nomarcas, apoiada pela nobreza.

MÉDIO IMPÉRIO (2100 a.C. a 1750 a. C. )
Os faraós reconquistaram o poder. Príncipes do Alto Egito restauraram a unidade política do Império e estabeleceram em Tebas a nova Capital. A massa camponesa, através de revoltas sociais, conseguiu o atendimento de algumas reivindicações, como por exemplo a concessão de terras, a diminuição dos impostos e o direito de ocupar cargos administrativos até então reservados às camadas privilegiadas. O Médio Império chega ao fim com a invasão dos hicsos, um povo de origem asiática. Os hebreus retirando-se da Palestina, chegaram ao Egito; mas foram os hicsos que criaram maiores dificuldades. Com cavalos e carros de combate que os egípcios desconheciam, dominaram o país e instalaram-se no delta do Nilo permanecendo na região aproximadamente dois séculos.

NOVO IMPÉRIO (1580 a.C. a 525 a. C. )
O período iniciou-se com a expulsão dos hicsos e foi marcado por numerosas conquistas. Outra característica fundamental deste período foi o expansionismo e o poderio militar, pois a luta contra o invasor desenvolvera no egípcio um espírito militar conquistador. No governo de Tutmés III, o domínio egípcio chegou a se estender até o rio Eufrates, na Mesopotâmia. No século XIV a. C., Amenófis IV, casado com a rainha Nefertite, empreendeu uma revolução religiosa e política, substituindo os deuses tradicionais por Aton, simbolizado pelo disco solar. Esta medida visava diminuir o poder dos sacerdotes que acabaram por fim expulsos. Amenófis IV passou a se chamar Aquenaton que significa supremo sacerdote do novo deus. Seu sucessor Tutancâmon, restaurou o culto aos deuses tradicionais e pôs fim à revolução.

O governo do faraó Ramsés II (1320 - 1232 a. C.) enfrentou novo obstáculo, como a invasão dos hititas. Inimigos ameaçavam as fronteiras; a resistência era enfraquecida pela rivalidade entre o faraó e grandes senhores enriquecidos pela guerra. Por volta do século VII a. C. os assírios invadiram o país. Em 525 a. C., o rei persa Cambises derrotou o faraó Psamético III, colocando fim à independência egípcia. Os povos do Nilo seriam ainda dominados pelos gregos e, a partir de 30 a. C., pelos romanos.

Organização
Faraó - soberano todo poderoso, considerado deus vivo, filho de deuses e intermediário entre estes e os homens. Era objeto de culto e sua pessoa era sagrada. O faraó tinha autoridade absoluta: concentrava em si os poderes político e espiritual. Ele ocupava o topo da hierarquia social, filho de Amon-Rá, o deus-sol, e encarnação de Hórus, o deus-falcão. Por isso, esse governo é chamado de teocrático.

Nobres - proprietários de grandes domínios, ocupavam também os principais postos do exército. Esta camada era formada por familiares do faraó, altos funcionários do palácio, oficiais superiores do exército e chefes administrativos.

Sacerdotes - muito cultos, enriqueciam com oferendas feitas pelo povo aos deuses. Eram dispensados do pagamento de impostos e eram proprietários de muitas terras. A função sacerdotal era lucrativa e honrosa, passando de pai para filho. Os sacerdotes tinham a cabeça raspada e uma de suas funções era transmitir as respostas das divindades às perguntas dos fieis.

Escribas - se encarregavam da cobrança dos impostos, da organização escrita das leis e de decretos e da fiscalização da atividade econômica em geral.

Soldados - viviam dos produtos dados em pagamento pelos serviços e dos saques realizados durante as guerras. Nunca atingiam os postos de comando, pois eram reservados à nobreza.

Artesãos - trabalhadores que exerciam diferentes ofícios e que eram geralmente contratados por empreiteiros de grandes obras. Trabalhavam como pedreiros, carpinteiros, desenhistas, escultores, pintores, tecelões, ourives etc. Eles exerciam suas atividades nas grandes obras públicas recebendo em troca apenas alimento.

Camponeses - compunham a maior parte da população, viviam submetidos a uma violenta repressão por parte da camada dominante, que a ameaçava constantemente com exércitos profissionais para forçá-la a pagar impostos. Trabalhavam nas propriedade do faraó e dos sacerdotes e tinham o direito de conservar para si uma parte dos bens por eles produzidos.

Escravos - originários da escravidão por dívidas e da dominação de outros povos através das conquistas militares. Faziam os serviços domésticos ou trabalhavam nas pedreiras e nas minas.

Na sociedade egípcia desenvolveu-se o chamado modo de produção asiático, em que todas as terras pertenciam ao Estado e os camponeses das aldeias tinham o direito de cultivar o solo desde que pagassem um imposto coletivo. Esse imposto era pago com cereais, que eram estocados nos armazéns reais. Nessa sociedade, a base da economia era a agricultura. Cultivavam-se principalmente trigo, cevada, frutas, legumes, linho e algodão. Dentre outras atividades destacamos o comércio a indústria artesanal de tecidos e de vidro, a construção de navios, a cerâmica e a criação de bois, carneiros, cabras, asnos etc. O Estado intervinha na economia controlando a produção, recrutando mão-de-obra e cobrando impostos.

Religiosidade 
Quanto a religiosidade, os egípcios eram politeístas, isto é, adoravam vários deuses, inclusive alguns animais, como o gato, o boi e o crocodilo, que eles consideravam sagrados. Além de ser politeísta, era também antropozoomórfica, pois os deuses eram representados geralmente pela figura humana e animal. A religião dos antigos egípcios passou por várias etapas: de um simples politeísmo para a mais recuada expressão conhecida de monoteísmo, retornando depois ao politeísmo. Durante o período do Antigo Reino, o culto do sol, corporificado na adoração de Rá foi o sistema dominante de crença. Servia como religião oficial cuja função principal era dar imortalidade ao Estado e ao povo, coletivamente. Para os egípcios, a morte apenas separava o corpo da alma. A vida poderia durar eternamente, desde que a alma encontrasse no túmulo o corpo destinado a servir-lhe de moradia. Era preciso então, conservar o corpo, e para isso os egípcios se aperfeiçoaram na técnica da mumificação.

O estudo da civilização egípcia, da antiguidade aos nossos dias
As origens da antiga civilização egípcia não podem ser definidas com precisão. A descrição do desenvolvimento da civilização egípcia se baseia nas descobertas arqueológicas de ruínas, tumbas e monumentos.

Os hieróglifos proporcionaram importantes dados.

A história egípcia, até a conquista de Alexandre III, o Magno, se divide nos impérios antigo, médio e novo, com períodos intermediários, seguidos pelos períodos tardio e dos Ptolomeus.

As fontes arqueológicas mostram o nascimento, por volta do final do período pré-dinástico (3200 a.C.), de uma força política dominante que, reunindo os antigos reinos do sul (vale) e do norte (delta), se tornou o primeiro reino unificado do antigo Egito. Durante a I e II Dinastias (3100-2755 a.C.), algumas das grandes mastabas (estruturas funerárias que antecederam às pirâmides) foram construídas em Sakarah e Abidos.

O Império Antigo (2755-2255 a.C.) compreende da III à VI Dinastias. A capital era no norte, em Menfis, e os monarcas mantiveram um poder absoluto sobre um governo solidamente centralizado. A religião desempenhou um papel importante, como fica evidenciado pela riqueza e número dos templos; de fato, o governo tinha evoluído para um sistema teocrático, no qual o faraó era considerado um deus na terra, razão pela qual gozava de poder absoluto.

A IV Dinastia começou com o faraó Snefru que, entre outras obras significativas, construiu as primeiras pirâmides em Dahshur. Snefru realizou campanhas na Núbia, Líbia e o Sinai. Foi sucedido por Queóps, que erigiu a Grande Pirâmide em Gizé. Redjedef, filho de Queóps (reinou em 2613-2603 a.C.), introduziu uma divindade associada ao elemento solar (Rá) no título real e no panteão religioso. Quéfren e Miquerinos, outros membros da dinastia, construíram seus complexos funerários em Gizé.

Com a IV Dinastia, a civilização egípcia conheceu o auge do seu desenvolvimento, que se manteve durante as V e VI Dinastias. O esplendor manifestado nas pirâmides se estendeu para numerosos âmbitos do conhecimento, como arquitetura, escultura, pintura, navegação, artes menores, astronomia (os astrônomos de Menfis estabeleceram um calendário de 365 dias) e medicina.

A VII Dinastia marcou o começo do Primeiro Período Intermediário. Como consequência das dissensões internas, as notícias sobre a VII e VIII Dinastias são bastante obscuras. Parece claro, no entanto, que ambas governaram a partir de Menfis e duraram apenas 25 anos. Nesta época, os poderosos governadores provinciais tinham o controle completo de seus distritos e as facções no sul e no norte disputaram o poder. Os governadores de Tebas conseguiram estabelecer a XI Dinastia, que controlava a área de Abidos até Elefantina, perto de Siene (hoje Assuã).

O Império Médio (2134-1784 a.C.) começa com a reunificação do território realizada por Mentuhotep II (reinou em 2061-2010 a.C.). Os primeiros soberanos da Dinastia tentaram estender seu controle de Tebas para o norte e o sul, iniciando um processo de reunificação que Mentuhotep completou depois de 2047 a.C., limitando o poder das províncias. Tebas foi a sua capital.

Com Amenemés I, o primeiro faraó da XII Dinastia, a capital foi transferida para as proximidades de menfis. O deus tebano Amon adquiriu nessa época mais importância que as outras divindades, e foi associado ao disco solar (Amon-Rá).

Os hicsos invadiram o Egito a partir da Ásia ocidental, instalando-se no norte. Sua presença possibilitou uma entrada massiva de povos da costa fenícia e palestina, e o estabelecimento da dinastia hicsa, que deu início ao Segundo Período Intermediário. Os hicsos da XV Dinastia reinaram a partir da sua capital, situada na parte leste do delta, o que lhes permitia manter o controle sobre as zonas média e alta do país. O soberano tebano Ahmosis I derrotou os hicsos, reunificando o Egito e criando o Império Novo (1570-1070 a.C.).

Amenhotep I (1551-1524 a.C.) estendeu os limites até a Núbia e a Palestina. Com uma grande construção em Karnak, separou sua tumba do seu templo funerário e iniciou o costume de ocultar sua última morada. Tutmés I continuou a ampliação do Império Novo e reforçou a preeminência do deus Amon; sua tumba foi a primeira a ser construída no vale dos Reis. Tutmósis III reconquistou a Síria e a Palestina, que tinham se separado anteriormente, e continuou a expansão territorial do Império.

Amenófis IV foi um reformador religioso que combateu o poder dos sacerdotes de Amon. Trocou Tebas por uma nova capital, Aketaton (a moderna Tell el-Amarna), que foi construída em honra de Aton, sobre o qual se centrou a nova religião monoteísta. No entanto, a revolução religiosa foi abandonada no final do seu reinado. Seu sucessor Tutankhamen é conhecido hoje, sobretudo, pela suntuosidade do seu túmulo, encontrado praticamente intacto no vale dos Reis, em 1922.

O fundador da XIX Dinastia foi Ramsés I (reinou em 1293-1291 a.C.), que foi sucedido por seu filho Seti I (reinou em 1291-1279 a.C.); esse organizou campanhas militares contra a Síria, Palestina, os líbios e os hititas. Foi sucedido por Ramsés II, que fez a maior parte das edificações em Luxor e Karnak, ao construir o Ramesseum (seu templo funerário) em Tebas, os templos esculpidos na rocha em Abu Simbel e os santuários em Abidos e menfis. Seu filho Meneptá (1212-1202 a.C.) derrotou os invasores provenientes do mar Egeu, feitos narrados em um texto esculpido na esteira na qual figura a primeira menção escrita conhecida do povo de Israel.

O Terceiro Período Intermediário compreende da XXI à XXIV Dinastias. Os faraós que governaram a partir de Tânis, no norte, entraram em choque com os sumos sacerdotes de Tebas. Os chefes líbios deram origem à XXI Dinastia. Quando os governadores líbios entraram em um período de decadência, vários rivais se armaram para conquistar o poder. De fato, as XXIII e XXIV Dinastias reinaram ao mesmo tempo que a XXII, bem como a XXV (cusita), que controlou de forma efetiva a maior parte do Egito quando ainda governavam as XXIII e XXIV Dinastias, no final do seu mandato.

Os faraós incluídos da XXV à XXXI Dinastias governaram a Baixa Época. Os cusitas governaram de 767 a.C. até serem derrotados pelos assírios, em 671 a.C. Quando o último faraó egípcio foi derrotado por Cambises II, em 525 a.C., o país caiu sob domínio persa (durante a XXVII Dinastia).

A ocupação do Egito pelas tropas de Alexandre Magno, em 332 a.C., pôs um fim ao domínio persa. Alexandre designou o general macedônio Ptolomeu, conhecido mais tarde como Ptolomeu I Sóter, para governar o país. A maior parte do período que seguiu à morte de Alexandre Magno, em 323 a.C., foi caracterizada pelos conflitos com outros generais, que tinham se apoderado das distintas partes do império. Em 305 a.C., assumiu o título real e fundou a dinastia ptolemaica. Cleópatra VII foi a última soberana dessa Dinastia. Tentando manter-se no poder, aliou-se a Caio Júlio César e, mais tarde, a Marco Antônio. Depois da morte de Cleópatra, em 30 a.C., o Egito foi controlado pelo Império Romano durante sete séculos. Nessa época, a língua copta começou a ser usada independentemente da egípcia. 

Com a finalidade de controlar a população e limitar o poder dos sacerdotes, os imperadores romanos protegeram a religião tradicional. Os cultos egípcios a Ísis e Serápis se estenderam por todo o mundo greco-romano. O Egito foi também um centro importante do cristianismo primitivo. A Igreja Copta, que aderiu ao monofisismo, se separou da corrente principal do cristianismo no século V. 

Durante o século VII, o poder do Império Bizantino foi desafiado pela dinastia dos Sassânidas da Pérsia, que invadiram o Egito em 616. Em 642, o país caiu sob o domínio dos árabes, que introduziram o islamismo.

Nos séculos que se seguiram, teve início um lento processo de islamização que com o tempo produziu a mudança de um país cristão de fala copta para um outro, muçulmano de fala árabe. A língua copta se converteu em uma língua litúrgica.

Durante o califado abássida, surgiram frequentes insurreições por todo o país provocadas pelas diferenças entre os sunitas, maioria ortodoxa, e a minoria que aderiu aos xiitas. Em 868, Ahmad ibn Tulun transformou o Egito em um estado autônomo, vinculada aos abássidas apenas pelo pagamento de um pequeno tributo. A dinastia de Tulun (os tulúnidas) governou durante 37 anos um império que englobava o Egito, a Palestina e a Síria.

Depois do último governo dos tulúnidas, o país entrou em um estado de anarquia. Suas frágeis condições o tornaram presa fácil para os fatímidas, que em 969 invadiram e conquistaram o Egito e fundaram o Cairo, convertendo-a na capital do seu império. Os fatímidas foram derrotados pelos ayyubis, cujo líder Saladino (Salah ad Din Yusuf ibn Ayubb) se proclamou sultão do Egito e estendeu seus territórios até Síria e Palestina, tomando dos cruzados a cidade de Jerusalém (ver Cruzadas). A debilidade de seus sucessores levou a uma progressiva tomada do poder pelos mamelucos, soldados de diversas origens étnicas que os serviam e terminaram por proclamar-se sultões com Izza al Din Aybak, em 1250.

No final do século XIII e começo do século XIV, o território dos mamelucos se estendia para o norte até os limites da Ásia Menor. A segunda dinastia de sultões mamelucos, os buris, era de origem circassiana; governaram de 1382 a 1517, quando o sultão Selim I invadiu o Egito e o integrou ao Império otomano.

Embora o domínio real dos turcos otomanos sobre o Egito tenha durado apenas até o final do século XVII, o país pertenceu nominalmente ao Império otomano até 1915. Em vez de acabar com os mamelucos, os otomanos utilizaram-nos em sua administração. Na metade do século XVII, os emires mamelucos (ou beis) restabeleceram sua supremacia. Os otomanos aceitaram a situação, com a condição de que pagassem um tributo.

A ocupação francesa do Egito em 1798, levada a cabo por Napoleão I Bonaparte, interrompeu por um curto intervalo de tempo a hegemonia mameluca. Em 1801, uma força britânico-otomana expulsou os franceses. Mehemet Ali assumiu o poder e, em 1805, o sultão otomano o reconheceu como governador do Egito. Mehemet Ali destruiu todos os seus oponentes até se tornar a única autoridade no país. Para poder controlar todas as rotas comerciais, realizou uma série de guerras expansionistas.

Os britânicos ocuparam o Egito de 1882 a 1954. O interesse da Grã-Bretanha se centrava no canal de Suez, que facilitaria a rota britânica até a Índia. Na I Guerra Mundial, a Grã-Bretanha estabeleceu um protetorado. Em 1918, surgiu um movimento nacionalista para garantir a independência. Eclodiu uma revolta violenta no país, razão pela qual a Grã-Bretanha suprimiu o protetorado em 1922 e foi proclamada uma monarquia independente, governada pelo rei Fuad I.

Em 1948, o Egito e outros Estados árabes entraram em guerra com o recém-criado Estado de Israel. Com a derrota, o Exército se voltou contra o rei Faruk I. Em 1952, um golpe de estado depôs o rei e proclamou a República do Egito.

O primeiro presidente, o general Muhammad Naguib, foi uma figura nominal, pois o poder foi exercido por Gamal Abdel Nasser, presidente do Conselho do Comando da Revolução. Em 1956, foi eleito oficialmente presidente da República. No começo, Nasser seguiu uma política de solidariedade com outras nações africanas e asiáticas do Terceiro Mundo e se converteu no grande defensor da unidade árabe. A negativa dos países ocidentais de proporcionar-lhe armas (que provavelmente utilizaria contra Israel) provocou uma reviravolta na política externa de Nasser, que o aproximou dos bloco dos países do Leste.

No que diz respeito à política interna, Nasser suprimiu a oposição política, estabeleceu um regime de partido único e socializou a economia. Essa nova ordem foi chamada de socialismo árabe. Em 1967, continuou a luta contra Israel, que desembocou na guerra dos Seis Dias, ao final da qual Israel assumiu o controle de toda a península do Sinai. O canal de Suez permaneceu fechado durante a guerra e posteriormente foi bloqueado. Nasser recorreu à União Soviética.

Nasser morreu em 1971 e foi sucedido pelo seu vice-presidente, Anwar al-Sadat. Sadat promoveu uma abertura política e econômica, além de procurar uma saída para o problema israelense mediante a negociação; como não conseguiu, planejou outro ataque contra Israel, dando início à guerra do Yom Kippur. Em 1974 e 1975, Egito e Israel concluíram uma série de acordos que resultou na retirada das tropas do Sinai. Em 1975, o Egito reabriu o canal de Suez e Israel se retirou de certos pontos estratégicos e de alguns dos campos petroleiros do Sinai.

A questão econômica começou a ganhar cada mais importância; em 1977, Sadat pediu para que os assessores militares soviéticos abandonasse o país e se aproximou dos Estados Unidos. Em uma conferência tripartite com o presidente norte-americano Jimmy Carter, realizada em 1978, Sadat e o primeiro-ministro israelense Menahem Begin assinaram um acordo para a solução do conflito egípcio-israelense. Grupos fundamentalistas islâmicos protestaram contra o tratado de paz, e Sadat foi assassinado em 1981.

Hosni Mubarak sucedeu Sadat. Abriu politicamente o país e melhorou as relações com outros Estados árabes. Participou da coalizão que lutou contra o Iraque na guerra do Golfo Pérsico, em 1991. Em 1992, os fundamentalistas islâmicos começaram a lançar violentos ataques com o objetivo de substituir o governo de Mubarak por outro baseado no estrito cumprimento da lei islâmica. Em outubro de 1993, Mubarak foi reeleito para um terceiro mandato presidencial, embora continuasse a violência por parte dos militantes islâmicos.

A História do Egito corresponde a uma das mais longas histórias de um território do mundo.

Civilização Egípcia

Pré-História
Durante o Paleolítico o clima do Egito sofreu uma alteração, passando de um clima úmido e equatorial para um clima seco. O processo de desertificação da região que é hoje o Saara, concentrou no vale do rio Nilo as populações circundantes.
No quinto milénio a.C , o vale do Nilo, já com as características climáticas atuais, conheceu uma série de culturas neolíticas (Faium, Tasa, Merimde). Os habitantes do Egito domesticaram animais como o porco, o boi e cabra e cultivaram o trigo, cevada e o linho.
O quarto milénio a.C. corresponde àquilo que a historiografia designa como o período pré-dinástico (ou proto-dinástico). Nele surge o cobre e na região do Alto Egito surgem sucessivamente três civilizações: a badariense, a amratiense e gerzeense. Esta última civilização acabaria por se difundir por todo o território do Egito.

Antigo Egito
O Antigo Egito é a civilização que se desenvolveu no vale inferior e no delta do rio Nilo entre 3100 a.C. e 30 a.C.. Entre 3200 a.C. e 2800 a.C. ocorreu a unificação dos reinos do Alto Egito e do Baixo Egito por um soberano de nome Menés.
O estudo da civilização do Antigo Egito formou-se como disciplina própria no século XIX com o nascimento da Egiptologia. Esta disciplina dividiu a história do Antigo Egito em várias etapas. Assim, as duas primeiras dinastias egípcias correspondem à Época Tinita ou Arcaica. Neste período as formas culturais, artísticas, governamentais e religiosas do Antigo Egito, que se mantiveram pouco alteradas até ao fim da sua história, já se encontravam definidas.
A Época Tinita foi seguida pelo Império Antigo, época marcada pela construção de pirâmides, onde as mais conhecidas são as pirâmides de Gizé do tempo da IV dinastia. O Império Antigo começou a cair no reinado de Pepi II, tendo o Egito entrado no Primeiro Período Intermediário.

O Egito ptolemaico
Em 333 a.C., Alexandre Magno derrotou os Persas na Batalha de Issus, e, no Outono do ano seguinte, ocupou o Egito, onde foi recebido como libertador pelo povo. Antes de partir para novas campanhas militares no oriente, Alexandre fundou na região ocidental do delta do Nilo a cidade de Alexandria, que seria nos séculos seguintes a metrópole cultural e económica do Mediterrâneo e capital da dinastia.
Alexandre morreu em 323 a.C., mas sua sucessão não ficou assegurada. Nos anos seguintes os seus generais dividiram entre si o império criado por ele. Um destes generais, Ptolemeu, que já estava instalado como governador do Egito, pegou em 305 a.C. o título de basileus (rei), fundando a dinastia ptolemaica que governou o Egito até 30 a.C..
A última representante da dinastia ptolemaica foi a famosa rainha Cleópatra, que tentou recuperar a glória do reino anterior, tornando-se aliada dos romanos Júlio César e Marco António. Os seus esforços mostraram-se inúteis, sendo vencida pelas forças romanas de Octaviano na Batalha de Ácio.

O Egito romano e bizantino 
Após a derrota de Cleópatra, o Egito é agregado no Império Romano como uma província administrada por um prefeito de origem da cavalaria que era diretamente responsável pelo imperador. Augusto decretou o fechamento da entrada de senadores ou de cônsules no território, já que tinha medo que eles tomassem posse do local. O primeiro prefeito que o Egito conheceu foi Caio Cornélio Galo, que acabaria caindo em desgraça.
De acordo com a tradição, o cristianismo teria sido introduzido no Egito por São Marcos, mas esta afirmação não é sustentada pelas fontes históricas. No final do século III, o Egito já tinha se cristianizado. Em 325 o Concílio de Niceia institui o Patriarcado de Alexandria, que era o segundo mais importante após o Patriarcado de Roma, exercendo a sua autoridade sobre o Egito e a Líbia. Em 451 o Concílio de Calcedónia condenaria a doutrina do monofisismo (segundo a qual Jesus depois da encarnação tinha apenas uma natureza, a humana), gerando a dúvida que separou a cristandade egípcia adepta do monofisismo) dos outros cristãos da época.
Em 395 o Império Romano dividiu-se em duas partes, ficando o Egito inserido no Império Romano do Oriente, que mais tarde se chamaria Império Bizantino.

O domínio islâmico 
A conquista do Egito pelos árabes insere-se no movimento de expansão destas populações que se iniciou após a morte do profeta Muhammad (Maomé). Em 639, Amr ibn al As, lugar-tenente do califa Omar, liderou uma expedição militar ao Egito da qual resultou a expulsão definitiva do poder bizantino por volta de 642.
Amr instalou a capital do Egito em Al Fustat, onde tinha existido uma fortaleza romana chamada Babilônia.
Ao longo dos séculos seguintes a população que habitava o Egito acabaria por se converter ao islão e por adoptar como língua o árabe. Para a arabização do Egito contribuiu a instalação no território de tribos oriundas da Península Arábica.
O Egito tornou-se uma província do califado omíada até 750, ano em que este foi derrubado e substituído pelo califado abássida. Os abássidas transferiram a capital do califado de Damasco para Bagdade, tendo o seu poder entrado em decadência em meados do século IX, o que permitiu a ascensão de dinastias locais em vários partes do império.

A dinastia tulúnida e ikhshidid 
Em 868 Fustat recebeu como governador do Egito Ahmad ibn Tulun, que inauguraria um período de autonomia egípcia ao califado abássida. Em 878 Ibn Tulun invadiu a Síria, tomando as suas principais cidades e fortalezas. Ibn Tulun foi representado após a sua morte pelo seu filho Khumarawayh, que foi assassinado em 896. Como seu filho, Khumarawayh, era menor de idade, o fato foi aproveitado pelos abássidas para recuperar a sua soberania sobre o Egito em 905, que voltaria ao seu estatuto de província.
Em 935 Muhammad ibn Tughj foi nomeado novo governador, tendo repetido os atos de Ibn Tulun. Ibn Tughj, a quem o califa atribuiu o título de Ikhshid, conseguiu impor a ordem no Egito, tendo o país voltado com a sua influência sobre a Síria. Além disso, Ibn Tughj conquistou as duas cidades sagradas do islão, Meca e Medina. Os seus descendentes governaram o Egito até 969.

Os fatímidas 
A dinastia dos fatímidas surgiu na Tunísia em 906. Ao contrário do califado abássida, que seguia o sunismo, os fatímidas eram partidários do xiísmo. Os seus membros consideravam-se descendentes de Fátima (de quem deriva o nome da dinastia), uma filha de Muhammad e esposa de Ali, quarto califa e figura central do islão xiita. Em 969 os Fatímidas conquistaram o Egito, onde se instalaram na sua nova capital, a cidade do Cairo ("A Vitoriosa"), construída a norte de Fustat.
Durante a era fatímida, o Egito foi o centro de um império que na sua extensão máxima controlou o norte de África, a Sicília, a Palestina, a Síria, o Iémen e as cidades de Meca e Medina.
Os fatímidas procederam a uma reorganização da administração do Egito, tendo se verificado um importante desenvolvimento da atividade comercial. Para este contribuíram fatores com a decadência do poder na Síria e no Iraque à qual correspondeu uma decadência das rotas comerciais que atravessavam esses territórios. O Egito tornou-se assim uma alternativa para a passagem das rotas comerciais entre o Oriente e a Cristandade. Os Fatímidas controlavam os portos da costa africana do Mar Vermelho da qual chegavam os produtos da Índia e que depois transitavam para as cidades italianas.

O Egito otomano (1517-1798)
Em 1516 e 1517, o sultão Selim I derrotou os Mamelucos e o Egito transformou-se numa província do Império Otomano, governada por um novo paxá nomeado a cada ano. A autoridade do Império Otomano era pouca e os paxás tomavam frequentemente decisões à margem dos desejos do sultão, que se alegrava em receber o tributo, apenas exigindo que as fronteiras fossem vigiadas para evitar qualquer tipo de invasão. As antigas elites mamelucas conseguiram burlar as estruturas administrativas e continuar a governar o Egito. Embora colaborassem com os otomanos muitas vezes desafiavam o seu poder. Este período corresponde a um declínio econômico e cultural.
No século XVII desenvolveu-se uma elite de mamelucos que usava o título de "bey", ao mesmo tempo que as guerras entre duas facções de mamelucos acabavam com o país. No século XVIII, Ali Bey e o seu sucessor, Muhammad Bey, conseguiram fazer do Egito um território independente do Império Otomano. Por outro lado, a situação econômica do Egito decaiu e a população conheceu um período de penúria e fome.
Neste contexto de um Egito fraco, a França e a Inglaterra começaram a alimentar ambições em relação ao território. Em 1798 o general Napoleão Bonaparte invadiu o país para tentar abalar o comércio inglês na região.

Mehemet Ali e os seus sucessores 
Napoleão fugiu do Egito para a França em 1799, deixando para trás um exército de ocupação. Este exército seria expulso pelos otomanos e pelos ingleses em 1801, terminando a rápida ocupação francesa. O Egito conhece um período de desordem que acaba em 1805 quando um soldado albanês de nome Mehemet Ali toma o poder.
Depois de acabada a invasão inglesa de 1807, Mehemet Ali dedicou-se a acabar com as revoltas constantes dos Mamelucos que ameaçavam a estabilidade do país. Para conseguir tal objetivo reúne-os na cidade do Cairo em 1811 onde foi organizado o massacre dos Mamelucos.
Mehemet Ali declarou-se senhor do Egito, dono de todas as terras. Ajudado pelos franceses, organizou um exército moderno e criou uma marinha de guerra. Tomou também uma série de medidas que pretendiam modernizar a economia do país, ordenando a construção de canais e fábricas.

Independência 
Em 1922, o Reino Unido concedeu a independência ao Egito e Ahmad Fuad tornou-se rei com o título de Fuad I. Esta independência era simplesmente nominal, uma vez que o governo britânico se reservava ao direito de interferir nos assuntos internos do Egito se os seus interesses fossem postos em causa. Em 1923 foi promulgada a constituição do país, que estabelecia uma monarquia constitucional como sistema político vigente. As primeiras eleições para o parlamento tiveram lugar em 1924 e em uma delas saiu vitorioso o partido Wafd, cujo líder, Saad Zaghlul, tornou-se primeiro-ministro.
O Wafd tinha o desejo de libertar completamente o Egito do poder britânico. Em Novembro de 1924 o comandante do exército britânico no Egito foi assassinado e a polícia descobriu ligações entre a morte do comandante e militantes do Wafd. Em consequência, o primeiro-ministro Zaghlul demitiu-se.
As eleições que tiveram lugar logo após esta crise dariam de novo a vitória ao Wafd. O rei Fuad, que temia este partido, ordenou o encerramento do parlamento e, em 1930, apoiado em políticos que eram contra Wafd, impõe uma nova constituição ao Egito, que reforçava o poder da monarquia.
Com a morte de Fuad em 1936, o seu filho, Faruk I, decide recuperar a constituição de 1923. Novas eleições deram a vitória ao Wafd, que formou um novo governo. No mesmo ano, o Egito e a Inglaterra assinaram um tratado onde os termos levaram a uma redução do número de militares ingleses no país e confirmaram uma aliança militar entre as duas nações. Este tratado permitiu ao Egito a entrada na Liga das Nações.
A Segunda Guerra Mundial fez com que a Inglaterra aumentasse a sua presença militar no Canal do Suez. Embora o país se tenha declarado neutro, muitos líderes nacionalistas egípcios desejavam uma vitória das potências do Eixo. Eles acreditavam que isso livraria o país da presença inglesa. Em 1942, perante a ofensiva militar da Alemanha sobre a Líbia, o embaixador britânico no Egito pressionou o rei Faruk a nomear um governo do partido Wafd, já que esta força política tinha assinado o tratado de 1936, dando uma maior segurança à Inglaterra quanto à posição do Egito no conflito. Nahas Paxá tornou-se primeiro-ministro e colaborou com os Aliados até ao fim da guerra. Mas o prestígio do Wafd no movimento nacionalista viu-se afetado e o partido perdeu muitos líderes. Em uma tentativa de melhor a sua imagem perante a opinião pública, o partido ordenou reformas na educação e promoveu a formação da Liga Árabe (1945).
Em 1948 o Egito e outros países árabes tentaram sem sucesso impedir o estabelecimento do estado de Israel na região histórica da Palestina.

A era de Nasser 
Na noite de 22 para 23 de Julho de 1952 deu-se um golpe de estado organizado por uma facção do exército conhecida como os "Oficiais Livres", cujo chefe era o general Gamal Abdel Nasser. O rei Faruk foi obrigado a abdicar e, como presidente do Conselho, foi escolhido o general Muhammad Naguib, que, não sendo membro dos Movimento dos Oficiais Livres, foi escolhido devido à sua popularidade. Em Dezembro do mesmo ano foi abolida a constituição monárquica e em Janeiro do ano seguinte todos os partidos políticos foram proibidos. Naguib ascende à posição de primeiro presidente da proclamada República do Egito.
As simpatias que Naguib nutria pelos antigos partidos políticos e pela Irmandade Muçulmana fizeram com que crescesse a oposição à sua pessoa por parte dos "Oficiais Livres". Naguib acabaria por ser afastado da presidência e colocado sob prisão domiciliária, sendo substituído na sua função por Nasser, eleito como presidente em 1956.
Nasser assegurou a retirada dos soldados britânicos do Canal de Suez. A sua política externa ficou marcada pelo recusa do Pacto de Bagdade, uma tentativa britânica em criar uma frente anticomunista no Médio Oriente, na qual se integravam a Turquia, o Iraque, o Irão e o Paquistão contra a União Soviética. Foi também ativo no movimento dos países não-alinhados, tendo participado ativamente na Conferência de Bandung.
O ataque de Israel à Faixa de Gaza (então controlada pelo Egito) fez com que Nasser procurasse obter armas junto dos países comunistas, uma vez que as potências ocidentais se recusavam a fornecê-las. Em Setembro de 1955 o Egito assina um importante acordo sobre fornecimento de armas com a Checoslováquia.
Nasser decidiu também construir a barragem do Assuão, projeto que se inseria num plano de irrigação e de eletrificação do país, procurando assegurar os empréstimos para a construção junto do Reino Unido, do Banco Mundial e dos Estados Unidos. Este país, inicialmente favorável, recusou-se a fornecer o empréstimo, ao qual Nasser respondeu com a nacionalização do Canal de Suez, ato que gerou uma intervenção conjunta da França e do Reino Unido. Israel uniu-se a estes dois países no ataque ao Egito, conseguindo conquistar a Faixa de Gaza e grande parte da Península do Sinai. Uma semana depois, os Estados Unidos e a União Soviética asseguraram nas Nações Unidas um cessar-fogo que obrigou à retirada dos territórios ocupados e a França e o Reino Unido saíram humilhados do episódio. Em 1958 o governo da União Soviética comprometeu-se a financiar a construção da barragem.
A crise do Suez fortaleceu a imagem de Nasser não só no Egito, mas em todo o mundo árabe. A 21 de Fevereiro de 1958 Nasser ratifica, através de referendo, a união do Egito e da Síria, formando a República Árabe Unida, à qual se juntou o Iémen em Março do mesmo ano. Esta união foi dissolvida em 1961 devido a uma revolta na Síria.
Durante os anos 60, Nasser desenvolveu uma série de políticas socialistas. Em 1962 foi publicada uma Carta Nacional, na qual se previa a extensão do controlo do estado às finanças e à indústria. Segundo esta carta, o estado egípcio estaria fundamentado na existência de um único partido, a União Árabe Socialista.

O período Sadat 
Com a morte de Nasser em 1970, o seu sucessor foi Anwar Sadat, que era vice-presidente. Sadat seguiu uma política de reaproximação à Arábia Saudita, mas sem se afastar da União Soviética. Em 1973 o país liderou a coligação de países árabes na Guerra do Yom Kippur, tendo o país conseguido um relativo sucesso, já que reconquistou a Península do Sinai e conseguiu a reabertura do Canal de Suez. Em situação econômica, Sadat promoveu uma política que se afastava do socialismo de Nasser, incentivando o investimento particular (esta política recebeu o nome de "Intifah", "porta aberta" em árabe).
Devido à crise econômica que o Egito atravessava, Sadat teve que reduzir as despesas militares, orientando o país para uma política de paz. Em 1977 fez uma visita histórica a Israel e em 1978 o presidente assinou os Acordos de Camp David, que levaram à paz com aquela nação. Uma das consequências dos acordos foi uma aproximação do Egito aos Estados Unidos, onde o país se beneficiou com ajuda financeira americana considerável. Porém, esta política de paz com Israel fez com que Sadat fosse odiado pelos vizinhos árabes; o país foi mesmo expulso da Liga Árabe. A 6 de Agosto de 1981 o presidente Sadat foi assassinado por um extremista muçulmano.

De Hosni Mubarak aos nossos dias 
Sadat foi sucedido pelo general Hosni Mubarak, vice-presidente desde 1975, que continuou a política de paz do seu predecessor. Embora continuasse a aproximação do país aos Estados Unidos, verifica-se também um distanciamento em relação a Israel e uma tentativa de reconciliação com os países árabes. Por volta de 1987 a maioria dos países árabes já tinha restabelecido relações diplomáticas com o Egito, que em 1989 foi readmitido na Liga Árabe.
A partir de 1990 os movimentos fundamentalistas islâmicos iniciaram uma série de ataques terroristas, que tinham como principal alvo os turistas ocidentais, com o objetivo de privar o país de uma das suas principais fontes de divisas. Foram também atingidos intelectuais seculares e a minoria copta. Em 1990 o presidente do parlamento egípcio Rafaat Mahgub é assassinado por fundamentalistas. O estado egípcio responde a estes ataques com detenções maciças, execuções e a declaração do estado de emergência.
Na Guerra do Golfo (1990-1991), o Egito tomou partido da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos que visava expulsar o Iraque do Kuwait. Em 1993 Mubarak foi eleito pela terceira vez presidente do Egito.
Em 1995 Mubarak consegue escapar a um atentado contra a sua vida na Etiópia. Em 1999 é reeleito como presidente para um novo período de seis anos, mediante eleições na qual é o único candidato. O presidente defende a luta contra o desemprego que em finais de 1999 atinge 1,5 milhões de egípcios.
No ano 2000 o Papa João Paulo II visita o Egito, pedindo desculpas pelo comportamento da Igreja Católica Romana contra os muçulmanos no passado.
Nas eleições para a Assembleia do Povo em Outubro e Novembro de 2000, consagra-se como vencedor o partido do governo, o NDP.
Em Setembro de 2005 Hosni Mubarak foi reeleito presidente com 88,6% dos votos, numas eleições consideradas históricas pelo facto de terem sido autorizados outros candidatos. A oposição considerou as eleições uma fraude.

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